Do que você tem medo?

29.9.16

Dizem que frase é do Gandhi, mas não consegui confirmar. Sendo ou não, acho que ela fala a verdade.


Eu tenho medo de muita coisa, admito. Política é uma dessas muitas coisas. Tenho medo da perpetuação no poder do PMDB, seja em âmbito nacional, estadual ou municipal. Tenho medo do poder político exercido por alguns deputados, como o Eduardo Cunha ou como o Jair Bolsonaro. Eu morro de medo de o Donald Trump assumir a presidência dos EUA.

Recentemente uma coisa vem me incomodando bastante na política. As eleições municipais estão ai e vemos que existe uma probabilidade grande (eu já dou como quase certa) de o próximo prefeito do Rio de Janeiro ser o Crivella. Uma pessoa que se aliou com gente suja e perigosa (como, por exemplo, o Garotinho) e que fez a sua vida e reputação explorando a fé das pessoas, uma das coisas que deve ser mais caras ao ser humano.

Ele é uma pessoa que me gera um pouco de medo. Sinto medo pelo fundamentalismo religioso que representa. Sinto medo pelas influências na política pública que esse fundamentalismo pode ter. Acho que tenho algumas razões sólidas e concretas para ter medo e considero esse medo saudável e inteligente.
Mas, aqui, recorro às palavras de um grande Pensador, o Gabriel:

Até quando você vai ficar usando rédea? (Pobre, rico, ou classe média).
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura
Até quando você vai ficando mudo?
Muda que o medo é um modo de fazer censura.





Sabe, acho que o fato de eu não temer admitir o meu próprio medo é muito importante. Porque ele me alerta para o fato de que eu tenho sim medo. Me alerta para o fato de que aquele medo pode vir a influenciar as minhas decisões e o modo como eu penso. E, mesmo que essa influência seja útil em muitos casos, é preciso ter cuidado com ela. Muitas das decisões tomadas por medo são as decisões erradas. E a história da humanidade prova que esses erros costumam custar caro.

O medo, como nos alertou a música, é um modo de fazer censura. E os candidatos sabem disso. Sabem que podem se aproveitar para manipular a população a fazer o que querem, por medo.

Com a proximidade da votação, cada vez mais as pesquisas são o modo de botar medo na população. Medo de votar em quem eles acreditam, apenas para evitar que um ou outro candidato seja eleito. E eu até acho esse medo válido, porém eu me preocupo muito com ele. Porque até agora, nenhum voto foi depositado e eu não conheço ninguém que participou de qualquer dessas pesquisas. Me preocupo porque ainda estamos no primeiro turno, e agora é que deveríamos dar força política àqueles em que realmente acreditamos, principalmente por saber que ainda haverá um segundo turno, onde a opção do “menos pior” passa a ser mais considerável.

Sabe, eu tenho medo da perpetuação no poder do PMDB, mesmo achando o Pedro Paulo um candidato razoável à prefeitura. Mas o seu histórico profissional (o governo atual) e o seu histórico pessoal (essa confusão com sua mulher), apenas confirmam o que o meu medo do PMDB alerta. Eu não vou votar nele, mas não por medo. O medo me alertou para o PMDB, e eu fui lá conferir, para tomar a decisão com calma e com a cabeça no lugar.

Você já pegou as propostas dele? A grande maioria delas é detalhada, fala em porcentagem e em números, demonstrando (como era de se esperar) que ele é um dos candidatos que melhor conhece as condições atuais do Rio e as condições atuais da prefeitura. Mas a questão é que quando ele fala que vai atingir a meta de 100% de saneamento, ninguém sabe que taxa atual gira entre 95% e 99%. E que ele vai botar todo mundo no integral, mas o integral vai até as duas da tarde, em vez de 12h...

Ele não tem escrúpulos em usar dessa condição para manipular a população que pretende convencer. E, enquanto isso, ele é o candidato que mais recebeu investimentos, tendo apenas cerca de 350 contribuintes. Quem são essas pessoas bancando a sua campanha? A quem, verdadeiramente, o Pedro Paulo pretende servir?

Uhmmm... Tolinhos...

Eu também tenho medo do Crivella. Ele já mostrou como pode manipular o temor a Deus para manipular as pessoas. Para dizer que elas não podem ser quem são e que não podem amar quem amam.

Suas propostas utilizam de outro método para manipular seus eleitores. Ele não propõe, ele promete. Ele dá prazos, sem muitos números e detalhes. Ele diz que vai fazer e acontecer até o final de 2017, que tal coisa vai estar pronta até o final de 2018. Só que ele não diz como ele vai fazer. Ele nem sabe se é possível, uma vez que tem pouco conhecimento sobre a estrutura e as condições reais da prefeitura.

Ele não está preocupado com isso. Botar prazo passa (falsa) credibilidade e, depois de eleito, ele vê se realmente pode cumprir as promessas que fez. Deus queira que não seja balela.

O que mais o Crivella não gostaria que você lembrasse?
 
Mas eu tenho medo mesmo, de verdade, quando eu vejo as pessoas mudando os seus votos e tentando convencer os outros a mudarem por medo. Irônico, não é? O que mais me dá medo é o medo em si...

Nada me assusta mais do que essa censura. E muito me entristece quando vejo que ela vem funcionando. As pesquisas são sempre encomendadas por alguém e os jornais as divulgam da maneira que melhor lhes convém. Não me engano com a imparcialidade da mídia ou dos órgãos de pesquisa. Mas me assusto sim com o poder que eles parecem exercer sobre as pessoas.

O voto é a minha arma. É a nossa arma. Se usado com sabedoria, ele vale mais do que qualquer protesto ou manifestação. Mais do que qualquer pesquisa ou matéria de jornal. Ninguém deveria poder direcioná-lo para você, seja a pesquisa verdadeira ou manipulada.

Por isso, venho aqui fazer um pedido: não deixe se calar por medo. Não se permita censurar. Uma política honesta passa por uma eleição honesta e uma eleição honesta precisa de uma população que seja honesta consigo mesma.

Se você tem medo da eleição de um eventual candidato a prefeito, escolha bem os seus vereadores. São eles que vão fiscalizar o que a prefeitura faz e deixa de fazer e, para vereador, não tem segundo turno. Mas, por favor, não deixe de escolher o prefeito que quer ou em quem acredita por medo de ele não ter uma votação expressiva, ou por medo do outro candidato que aparece na frente das pesquisas.

O nosso mundo é feito de gente. A gente fica tentando mudar o mundo, e se esquece de que o mundo é a gente.

Seja honesto com você e com todos os cidadãos da sua cidade. Só assim você poderá cobrar honestidade depois.

P.S.: Para quem quiser saber, depois de estudar e pesquisar, eu pretendo votar no Molon #18 e na Lisi Mutti #18108.

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