*-*-*-* SPOILER ALERT*-*-*-*

Nesse post irei falar sobre a segunda temporada da série. Não leia se não estiver atualizado. Você foi avisado.

*-*-*-* SPOILER ALERT*-*-*-*

Agente Carter é a primeira série que conheço como uma série de férias.

Ela é uma série da Marvel sem super-heróis, uma série que envolve muito trabalho e ação, mas ela só funciona por ser uma série de férias. É incrícel como deu certo, pelo menos para mim, o sistema em que Agente Carter foi inserido. Ela aparece entre as duas metades da série principal da Marvel (excluindo o Netflix), que é Agents of Shield. Enquanto todas as série estão em hiato, na época de virada do ano, Agente Carter preenche o espaço de Shield no mesmo canal, dia e horário, e vive única e exclusivamente alí.

Literalmente, algo para passar o tempo, enquanto os atores tem férias, folgas e a segunda metade da temporada é preparada.

E a segunda temporada mostrou que a ideia da série também é essa. Vemos Peggy Carter ir para Los Angeles e até entrar de férias - mesmo que apenas para trabalhar. A trama não é muito complexa, e não se gasta tanto tempo no desenvolvimento das personagens, com exceção da Peggy, obviamente. A narrativa toda da série gira em torno dela, e ela consegue sustentá-la bem, mesmo que seja uma narrativa breve de apenas 10 episódios.

Toda a trama da segunda temporada de Agente Carter girou em torno da descoberta e dos efeitos do que eles chamaram de "dark matter", ou, "matéria escura". O que é genial, considerando-se que esse é apenas um nome diferente para a "zero matter", algo que vem causando uma série de problemas em Shield. O problema, para mim, é que a série avançou pouco nesse sentido, e pouco explorou os efeitos que essa substancia parece ter no corpo humano.

Até mesmo em relação a viagem transdimensional que Shield mostra não aconteceu aqui, e eu, pelo menos, não entendi muito bem porquê. Aqui, décadas antes dos eventos atuais do universo cinematográfico, a matéria escura se fundiu a uma atriz de Hollywood, se apresentando como a maior vilã e antagonista de Peggy. Em termos de trama, essa temporada deixou bastante a desejar.

Tratando de Daniel Sosa, vemos ele promovido e noivo, até que Peggy consegue, mais uma vez, virar a vida dele de cabeça para baixo.A pobre noiva do rapaz só estava ali para tentar criar um suspense quanto a relação amorosa de Peggy, da mesma forma que outra das personagens apresentadas nessa temporada. O ponto é que, não estivesse eu de férias e sem mais nada para assistir, teria ficado irritado com essa tentativa de atrasar a trama.

Jason, a outra personagem que falei, já teve um papel mais importante, mas que foi diminuído pelo suposto interesse amoroso que Peggy demonstra por ele. O cara é um gênio que é discriminado pela cor da pele, e, como todo ser humano, acaba tomando algumas decisões estranhas no meio do caminho. Mas, toda vez que rolava alguma tentativa de desenvolvimento romantico entre os dois eu ficava irritado de novo. Todo mundo sabe que a trama só vai pra frente com o latino Sosa.

Mais uma vez, Jarvis fez um ótimo papel, sendo uma das estrelas da série ao lado de Peggy, e mostrando porque nosso querido Tony Stark gostava tanto dele. E, dessa vez, tivemos a chance de conhecer sua mulher, que sofre um terrivel acidente durante a temporada e perde sua capacidade reprodutiva. Um pequeno toque muito bem pensado pelos autores, dando motivo para que o casal Jarvis trate Tony como um filho e desperte tanto carinho no playboy milhonário.

E, por último, a grande surpresa do último episódio, que fica por conta do Chefe Thompson, que, mais uma vez, fez o mesmo papel durante toda a temporada (o mocinho que quase vira vilão sem querer querendo, mas se convence a voltar atrás no final). Só que dessa vez ele toma um tiro. Tenho quase certeza de que ele está morto, mas essa é, afinal, uma série da Marvel, então é difícil dizer. Ficou legal, mas eu também já esperava por uma grande virada. Tomara que ele fique morto. Faria um bem danado para série.

Concluindo, essa segunda temporada de Agente Carter foi mais do mesmo. Interessante, levemente divertida, e o suficiente para passar o tempo. Mas ela pode (e precisa) melhorar. Peggy foi uma das fudadoras da Shield. Isso precisa começar a aparecer. E ela precisa começar a fugir dos esteriótipos que parece tão desesperada para quebrar. As vilãs são mulheres brancas, a protagonista é mulher, e se a pessoa for negra ou latina, provavelmente será ajudante da protagonista. Isso tudo é muito legal, mas está previsível.

Agente Carter pode mostrar que as mulheres são fortes sem apelar. Pode mostrar Peggy lutando contra todos os homens brancos, na mão e na política, pois é isso que ela precisa fazer para criar uma agência governamental como a Shield. Peggy Carter pode vir ao mundo quebrar os preconceitos de uma maneira mais real e menos festiva. A atriz é boa o suficiente para isso, a personagem também, só falta a história acompanhar.

Passar as férias na sua cidade é legal. Você tem seus amigos e sempre pode conhecer um pouquinho mais de onde mora. Sempre há algo novo. Mas, no fundo, sempre há aquele senso de conforto e de tranquilidade. Aquele sentimento caseiro. É isso que Peggy está fazendo. Sendo caseira, fugindo dos riscos. Ela ainda acha que o seu grande mérito é ter uma mulher como protagonista. E isso é  um ótimo mérito, mas não pode ser o único. Graças a Deus, não estamos mais numa época em que isso é o que salva uma série. Do mesmo jeito que não aceitamos qualquer homem branco fazendo nada, não vamos aceitar ela muito tempo.

Mas ela pode ir além. Peggy pode ir casa branca, ou para a Europa, ou visitar a muralha da China. Ela precisa explorar tudo o que o universo cinematográfico da Marvel tem para oferecer e essa vai ser uma série espetacular. Se continuar assim, as pessoas vão começar a viajar para outros canais, e ir passar as férias em outro lugar.